Assessora de Carlos Bolsonaro pediu informações a auxiliar de Ramagem sobre inquérito 'envolvendo PR e 3 filhos', diz PF
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Assessora de Carlos Bolsonaro pediu informações a auxiliar de Ramagem sobre inquérito 'envolvendo PR e 3 filhos', diz PF

 


O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) — Foto: Divulgação

Integrante do gabinete do vereador foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta segunda-feira

A Polícia Federal identificou uma mensagem enviada por uma assessora do vereador Carlos Bolsonaro (Rep-RJ) pedindo informações sobre um inquérito da Polícia Federal "envolvendo PR e 3 filhos", em possível referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus três filhos - Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro. O texto foi mandado para uma assessora do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entre 2019 e 2022.

Carlos Bolsonaro e as duas assessoras, Luciana Almeida e Priscila Pereira, foram alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos nesta segunda-feira no âmbito de uma operação que investiga o funcionamento de uma "Abin paralela" durante a gestão de Ramagem.

Segundo a PF, o "núcleo político", do qual Carlos fazia parte, "se valia de Ramagem para obtenção de informações sigilosas e/ou ações ainda não totalmente esclarecidas", segundo relatório enviado ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A troca de mensagem reforçaria os indícios de que Carlos Bolsonaro era o destinatário de informações levantadas pela "Abin paralela".

"A existência do núcleo político e os eventuais serviços prestados ganha concretude no pedido realizado pelo sr. Carlos Bolsonaro para o Delegado Alexandre Ramagem e a subsequente remessa de informações de inquéritos de Polícia Federal em andamento", diz a representação da PF.

Na mensagem captada pela PF, a assessora Luciana pergunta a Priscila: "Estou precisando de uma ajuda. (...) Delegacia da PF Inquéritos Especiais Inquéritos: 73.630 / 73.637 (Envolvendo PR e 3 filhos)”.

A PF esclareceu que o inquérito mencionado não tem como alvo o clã Bolsonaro, mas ressaltou que "no período existiam investigações em andamento no interesse dos sujeitos", o que dá a entender que ela pediu o processo errado. Além do fornecimento de informações sigilosas, a "Abin paralela" é investigada por produzir dossiês e monitorar adversários do governo Bolsonaro, como ministros do Supremo e políticos.

"Os elementos de prova colhidos até o momento indicam, de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na ABIN também se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras", afirmou a PF.

Carlos Bolsonaro é amigo pessoal de Ramagem e foi escolhido para coordenar a campanha do ex-diretor da Abin à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições deste ano. Moraes ordenou a apreensão do celular do vereador e autorizou os investigadores a acessarem a nuvem dos seus equipamentos. O mandado de busca contra ele foi cumprido em uma casa em Angra dos Reis, na Costa Verde (RJ), onde a família Bolsonaro se reuniu no fim de semana para realizar uma live.

O inquérito sobre o suposto esquema de espionagem ilegal foi aberto em março de 2023, logo após O GLOBO revelar que a Abin utilizava uma ferramenta que permitia monitorar os passos de até 10 mil pessoas por ano, sem protocolo oficial ou autorização judicial.

Em nota divulgada na semana passada, a Abin disse que "é a maior interessada" na apuração dos fatos e que continuará a colaborar com as investigações. "Há 10 meses a atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações", disse o órgão.

Ramagem disse, também na semana passada, que nunca teve acesso às senhas de sistemas de monitoramento para espionar autoridades públicas e cidadãos comuns.

— Nós da direção da Polícia Federal, policiais federais que estavam comigo, nunca tivemos a utilização, execução, gestão ou senha desses sistemas — disse Ramagem à Globo News.

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